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Sem cuidado com a dieta, as medidas perdidas em tratamentos estéticos são recuperadas
Se você faz parte do grupo de mortais
que adorariam afinar um pouco a silhueta sem grandes esforços
provavelmente prestaria atenção em um anúncio de tratamento estético que
garante a perda de pelo menos oito centímetros em uma única sessão. E o
melhor: se a redução não ocorrer, você não paga nada.
O tratamento chama-se Drenagem
Lipossônica Ativa (DLA), e consiste na aplicação de um gel e com o uso
de ultrassom. Simples assim: sem picadas, nem choques. Mas, antes de
mais nada, é preciso esclarecer um detalhe do anúncio: os oito
centímetros a menos garantidos não são de uma única medida, mas de três.
No caso da aplicação na barriga, por exemplo, soma-se as perdas nas
circunferências em volta do umbigo, um pouco acima e um pouco abaixo.
”Em geral, as pessoas vão a clínicas de
estética e tem que fazer dez, quinze sessões semanais de tratamento,
junto com uma dieta. No final, não dá para saber se o resultado positivo
foi pelo tratamento ou pela dieta”, relata o fisioterapeuta Roberto dos
Santos, da Clínica DLA, em São Caetano do Sul. Para desenvolver um
procedimento capaz de gerar resultados imediatos, ele e o também
fisioterapeuta Dino Volpa passaram seis anos testando possibilidades,
até chegar ao DLA.
O carro-chefe, segundo Santos, é o gel,
composto por algas, arnica, centelha asiática, café, guaraná,
castanha-da-índia, ácido hialurônico e aloe vera. Enquanto alguns
ingredientes estimulam a circulação e combatem inflamações, outros
melhoram a aparência da pele. Depois de lambuzar a área com o produto,
usa-se um aparelho de ultrassom de alta potência, com três cristais, e,
quando necessário, um ultrassom mais profundo, chamado de
ultracavitação. “O Gel DLA é feito com nanocápsulas, que são empurradas
para dentro da pele pelo ultrassom”, explica Santos.
O tratamento, testado pelo UOL Dieta e
Boa Forma, dura pouco mais de uma hora e não provoca nenhuma dor ou
incômodo. O paciente acompanha a medição antes e depois do procedimento
e, de fato, a redução é confirmada pela fita métrica e pelas fotos.
Apesar do resultado imediato, Santos relata que os clientes fazem, em
média, três sessões para alcançar os objetivos. Mas ele ressalta que a
opção é para quem quer melhorar o contorno e a gordura localizada, e não
para quem precisa emagrecer e tem muita gordura entre os órgãos.
Sem carboidrato
Os dois únicos sacrifícios envolvidos
no tratamento é fazer algum tipo de exercício (nem que seja uma
caminhada) depois da sessão e ficar sem carboidrato ou álcool nas 48
horas seguintes (esta última recomendação não é fácil de ser cumprida). A
justificativa é que o gel e o ultrassom promovem a quebra das células
de gordura, que, em forma de ácido graxo e glicerol, ficam disponíveis
para o gasto energético. Ou seja: se você não se exercitar logo e comer
alimentos que são fontes rápidas de energia, como pães, massas e doces,
pode não ter um resultado tão satisfatório.
A orientadora educacional Lilian Capella
conta que perdeu um total de 16 centímetros com duas sessões realizadas
há mais de um ano. “O resultado é duradouro. Este ano eu relaxei um
pouco, mas assim mesmo meu abdome não voltou ao que era antes”, diz.
Ela, que não é fã de exercícios, ficou bem impressionada com o DLA, até
porque já tinha feito várias sessões de carboxiterapia (tratamento
famoso que é desconfortável e costuma deixar hematomas), sem resultados.
“A celulite até melhorou, mas não tive redução de medidas”, afirma.
A celulite, aliás, foi o que levou
Luciana Tumonis, formada em administração, a testar o DLA há alguns
meses. “Melhorou 80% na primeira sessão”, comemora. Magra, ela não
estava preocupada em perder medidas, mas teve as circunferências dos
glúteos e das pernas reduzidas. “Já havia feito outros tratamentos, como
drenagem manual e ultrassom, mas nunca havia tido tanto resultado”,
testemunha.
Sem milagre
Como em qualquer outro tratamento
estético, se a pessoa enfiar o pé na jaca depois de tudo vai ganhar
volume de novo naquela região em que, geneticamente, tem tendência a
acumular gordura. Ou seja, não tem milagre. E algumas pessoas podem ter
perdas mais discretas, não importa o tratamento, por problemas no
metabolismo ou uso de certos medicamentos.
”Costumo dizer que tratar gordura
localizada e celulite é como tirar tártaro dos dentes. Se você não muda
radicalmente seus hábitos, tem sempre que fazer a manutenção”, declara a
médica Valéria Campos, especialista em laser e dermatologia pela
Harvard Medical School, nos EUA, e membro da Sociedade Brasileira de
Dermatologia. Em uma palestra no evento Teraderm, que reúne médicos
nesta sexta-feira (5), em Sao Paulo, ela fala sobre o que funciona em
estética corporal.
Para a médica, a termocriolipólise é o
tratamento corporal que hoje em dia apresenta melhores resultados para
redução de medidas. Desenvolvida na própria Harvard, a técnica consiste
em enfraquecer a parede das células de gordura com o resfriamento. Em
seguida, o ultrassom as destrói, e então o calor da radiofrequência
estimula a produção de colágeno e evita a flacidez no local. “Em geral,
perde-se de três a quatro centímetros”, informa. Os pacientes costumam
fazer três sessões, em média.
Outro tratamento um pouco mais simples
citado pela dermatologista é a aplicação de laser de baixa intensidade.
Mas, para obter resultados, são necessárias oito sessões, que devem ser
feitas duas vezes por semana. Nesse caso, assim como no DLA, é preciso
fazer exercício físico logo em seguida. A perda é um pouco mais modesta
que na termocriolipólise, mas a terapia também é mais barata (veja
estimativas no fim do texto). “Tem um resultado interessante até para
homens com ginecomastia”, acrescenta.
O cirurgião plástico André Eyler,
membro Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da American Society
of Plastic Surgeon, é mais cético em relação a tratamentos estéticos. “É
preciso ter muita boa vontade para conseguir resultado”, acredita. “Se
realmente funcionasse, ninguém mais procuraria a lipoaspiração.”
Para ele, a maior parte das técnicas
oferecidas em clínicas de estética promove somente perda de água, que
aos poucos é recuperada pelo organismo. Ele também pondera que faltam
estudos científicos confiáveis para comprovar a eficácia desses
tratamentos.
Contraindicações e preços
Cada sessão de DLA custa R$ 440. Já os
outros tratamentos mencionados variam de acordo com a clínica e o
profissional consultado. Nos locais pesquisados pelo UOL Dieta e Boa
Forma, a termocriolipólise custa, em média, R$ 1.500 por sessão. E cada
aplicação de laser de baixa intensidade, aproximadamente R$ 350.
Todos os tratamentos são
contraindicados para gestantes, mulheres que amamentam e pessoas com
problemas no fígado. No caso específico da termocriolipólise, pessoas
com intolerância ao frio também devem descartar a opção.
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