A
revista Época da semana passada trouxe um artigo do autor da novela das
21h da Rede Globo, Amor à Vida, Walcyr Carrasco, que muito bem se
expressou a respeito da obesidade:
- Obesidade pode ser uma questão de saúde. Ou de reeducação alimentar. Mas não pode se tornar um problema de rejeição social.
A
novela traz uma personagem obesa, uma enfermeira interpretada pela
atriz Fabiana Kharla. O autor diz que recebeu muitas manifestações sobre
o assunto e discorre sobre o preconceito sofrido pelas pessoas que
estão acima do peso, falando até mesmo de sua experiência como um “quase
obeso”. A intenção do autor é tratar o tema com a devida atenção e sem
preconceitos.
A forma como o obeso é retratado pela mídia já foi
até mesmo tema de estudo. O Yale Rudd Center for Food Policy &
Obesity, comandado por Rebecca Puhl, nos EUA, documentou o preconceito
em relação a pessoas obesas apresentados em vídeos transmitidos por
redes de televisão. A pesquisadora verificou que o retrato da mídia
sobre a obesidade afeta negativamente a percepção pública das pessoas
que sofrem da doença. Ela também gravou 80 videoclipes que retratam
pessoas obesas em uma abordagem mais positiva e colocou à disposição
para que os canais possam exibir gratuitamente. O documento contendo
descobertas de Rebecca foi publicado na edição de fevereiro do Journal
of Health Communication.
"Os vídeos e imagens que acompanham as
notícias sobre obesidade são muitas vezes negativos e estereotipados",
alerta Rebecca. "Eu queria quantificar isso e mostrar como é comum."
A
pesquisadora, que também já realizou uma pesquisa sobre representações
negativas de pessoas obesas em fotografias nos meios de comunicação,
analisou desta vez 370 vídeos de notícias nos sites de grandes redes.
Ela descobriu que as pessoas obesas foram retratadas negativamente em
65% do tempo, e as crianças obesas foram retratados negativamente em 77%
do tempo. “Essas imagens negativas afetam a percepção pública de
pessoas obesas, causando um estigma de peso”, acrescenta.
Segundo
Rebecca, o material analisado dá ênfase em partes do corpo como
estômago ou nádegas, exploram pessoas comendo comer alimentos pouco
saudáveis, exibem obesos em comportamento sedentário e vestindo roupas
mal ajustadas.
A vice-presidente do Yale Rudd Center for Food
Policy & Obesity, Marline Schwartz, considera que o trabalho de
Rebecca dá suporte científico para uma abordagem positiva para as
pessoas que se sintam valorizadas e não julgadas. Para ela, cairia o
mito de que explorar lado negativo levaria as pessoas a mudanças no
estilo de vida.
Rebecca Puhl pretende focar seus esforços futuros
na investigação para identificar de que forma a mídia poderia usar
imagens menos estigmatizantes de obesidade em sua cobertura
jornalística. O Yale Rudd Center for Food Policy & Obesity apresenta
uma galeria de imagens on-line para este fim.
A autora está
otimista quanto ao uso de imagens mais positivas, uma vez que sua
pesquisa anterior foi recebida com entusiasmo pelos meios de
comunicação.
A Abeso considera essa iniciativa muito interessante
e costuma usar fotos desse banco de imagens em suas publicações. O
presidente da Abeso, Dr. Mario Carra, durante o último Congresso de
Obesidade e Síndrome Metabólica realizado em Curitiba, semana passada,
alertou para a necessidade de uma maior empatia no atendimento aos
pacientes obesos e de inciativas que visem o respeito a este público.
Saiba mais sobre o trabalho do Yale Rudd Center for Food Policy & Obesity: http://www.yaleruddcenter.org/
Nenhum comentário:
Postar um comentário