Por Marle Alvarenga, Nutricionista
Publicação recente (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25016349) retoma a discussão sobre Ortorexia Nervosa e propõe critérios diagnósticos.
A ortorexia (do grego “orthos” correto e “rexis” apetite) descreve um comportamento alimentar disfuncional. O artigo “Ortorexia nervosa: reflexões sobre um novo conceito” traz um histórico e revisão sobre o quadro (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732011000200015)
Este quadro ainda não é reconhecido oficialmente como um Transtorno Alimentar, é há uma grande discussão se algum dia será. No momento, pode ser classificada como o recentemente proposto Transtorno Alimentar Evitativo Restritivo, e às vezes é considerada uma forma de Transtorno Obsessivo Compulsivo.
Há, no entanto, também uma discussão sobre a necessidade de critérios e definição, ainda mais em tempos de tendências restritivas (como sem glúten...) e de discussões/recomendações tão enviesadas e disfuncionais nos Blogs e Instagrans sobre o que é alimentação saudável.
O que é interessante pensar é que diferentemente da anorexia nervosa que foca na magreza, a tendência muitas vezes hoje – o que recai na ortorexia – é a pureza ou “limpeza” com relação à alimentação (a onda “detox” que o diga!). Curioso é lembrar que os primeiros relatos do que se considera primórdios da anorexia são de santas e beatas da igreja católica que paravam de comer para ser mais puras e santas*...
Como já discutimos outras vezes neste Blog, alimentação saudável não se restringe a nutrientes. O que é comer saudável? Levar seu Tapperware quando convidado a jantar na casa de alguém? Ter ataques de pânico no supermercado porque não sabe o que “pode” comer? Pensar em comida o dia todo e ter medo dela?
Nós não acreditamos que alimentação saudável seja aquela na qual os aspectos psicológicos e sociais são negligenciados. Defendemos que TODOS alimentos podem fazer parte de uma vida saudável.
Analise o que você considera comer saudável e reflita sobre isto dentre deste conceito.
Referências:
*Weinberg C, Cordás TA. Do altar as passarelas – da anorexia santa à anorexia nervosa. São Paulo: Annablume, 2006.
Martins MCT, Alvarenga MS, Vargas SVA, Sato KSCJ, Scagliusi FB. Ortorexia nervosa: reflexões sobre um novo conceito. Revista de Nutrição, 2011; 24:345-357.
Moroze, Ryan M., et al. "Microthinking about micronutrients: a case of transition from obsessions about healthy eating to near-fatal “orthorexia nervosa” and proposed diagnostic criteria." Psychosomatics (2014).
Cristian R, Dukeshire S, MacDonald L. "Diet and anxiety. An exploration into the Orthorexic Society." Appetite 58.1 (2012): 124-132.
2 comentários:
Estamos no mundo de muito modismo... e as coisas estão ficando cada vez mais complicada.
Triste situação, até comer saudável por virar um transtorno.
Bom post.
Beijos
Lu
Essa é a minha maior preocupação. Sei que o meu agir insano de anos causaram muitos estragos em meu corpo e dentre eles, contribuíram para o câncer linfático. Hoje estou curada e busco o equilíbrio...
Obrigada por nos contemplar com informações tão úteis.
Beijão
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