segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Compulsão: um devorador dentro de mim

A mudança necessária para interromper esses episódios demanda equipe especializada

ansiedade


Toda semana um paciente novo agenda um horário para falar de sua dor, a dor de induzir o vômito, de colocar para fora grandes quantidades de comidas que engoliu sem ao menos sentir o sabor. Podemos descrever esses relatos como orgias alimentares, muitas das quais ocorrem durante o dia, outras na sombra da noite, onde ninguém presencia.

O sentimento de culpa e raiva afloram nesses discursos, não faltam explicações racionais para o que pensou no momento em que passou na padaria, ou mesmo no posto de gasolina, até pelo armário da cozinha. Conseguem compreender o que sentiram ao se afundarem na comida, na paz que esse momento proporciona, mas não sabem como frear esse comportamento compulsivo que toma conta de seu ser, como um monstro interior que vem dominar sua cabeça e seu estômago.

A compulsão é assim, ela tem o poder de tirar o equilíbrio de uma pessoa, essa se planeja o dia todo para comer corretamente, mas quando se dá conta está se sentindo empanturrada de tanto comer. O desespero bate quando a doença já está instalada, são poucas as pessoas que buscam o tratamento no início do problema.

Dietas restritivas são os maiores disparadores desse transtorno, seguido de situações emocionais e químicos que contribuem para que esse comportamento se torne recorrente. A busca por um ideal de corpo na grande maioria das vezes inalcançável favorece o processo, virando um circulo vicioso que poucos saem ilesos.

A psicoterapia aliada com a hipnose Ericksoniana são duas formas possíveis de se tratar esse transtorno, facilitando que se coloque para fora o que é indigesto, onde se aprende a digerir a quantidade certa de comida e situações que levam ao quadro de transtorno alimentar.

Não despreze os sinais de compulsão, quando esses quadros acontecem pelo menos duas vezes na semana por um período de seis meses já é diagnosticado como transtorno de compulsão alimentar periódico. Em muitos casos é necessário o acompanhamento de um psiquiatra especializado na área, além do profissional nutricionista.

A dor da falta de controle sobre seu desejo e seu corpo pode ferir de forma assustadora, levando muitas pessoas à baixa autoestima, falta de confiança e impotência.

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