quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Espera por cirurgia de redução de estômago no SUS chega a 12 anos



Na semana passada, o Ministério da Saúde ampliou o acesso dos cidadãos à cirurgia de redução de estômago.



Na semana passada, o Ministério da Saúde ampliou o acesso dos cidadãos à cirurgia de redução de estômago. Acabou o limite de idade, e ela poderá ser feita já a partir dos 16 anos. Mas, na prática, o tempo de espera pela chamada cirurgia bariátrica no Sistema Único de Saúde pode passar de uma década.
Na vida dos muito obesos, não há números pequenos. Eles já são mais de quatro milhões no país. A espera pela cirurgia de redução de estômago pelo SUS demora de três a 12 anos.
Para a doméstica Helena Pereira Rocha, de 110 quilos, a demora chega a cinco anos. “Tentei com regime, fazer exercício físico. Não consigo emagrecer. Então para a minha saúde, acho que vai ser muito bom”, conta ela.
Em seis estados, o serviço público não faz cirurgias de redução de estômago. Esse não é o único problema. Hoje, nem mesmo o Ministério da Saúde sabe exatamente quantas pessoas estão à espera da cirurgia de redução de estômago pelo SUS. Isso porque não existe um cadastro único, como acontece com a fila para transplante de órgãos, por exemplo.
Por causa dessa incerteza, as irmãs Eva e Helena fizeram o que muita gente faz. Inscreveram-se em dois hospitais. Há seis anos, a ajudante Eva Gonçalves Pereira, de 140 quilos, espera ser chamada.
“Fico esperançosa. Penso, ‘um dia vai chegar a minha vez. Quando que vai chegar a minha vez’, e nada até agora”, diz Eva.
Como as duas se inscreveram em duas filas, para a estatística é como se fossem quatro pessoas à espera da cirurgia.
“Se nós cadastrarmos pelo CPF, vai significar bastante. Nós vamos entender melhor o problema e propor soluções. Isso nós estamos em discussão. É uma das sugestões que nós fizemos”, ressalta Almino Ramos, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica.
A cirurgia de redução do estômago é recomendada apenas para casos extremos, e entre 15% e 20% dos pacientes operados voltam a engordar. Por isso, é preciso acompanhamento depois da operação e muita força de vontade.
“Não desista, lute. Siga as recomendações que eles dão. Vale a pena. Para mim fez muito bem, e faz bem para todo mundo”, recomenda o técnico em ferramentas pneumáticas Milton Ortiz.
Milton passou pela cirurgia há pouco mais de um ano. As lembranças dos 180 quilos e da hipertensão ficaram nas fotos. Depois da cirurgia, ele mudou a alimentação, trocou o carro pela bicicleta e passou a fazer exercício todos os dias.
“Eu não chamo mais atenção pelo tamanho. Talvez pela beleza”, brinca Milton.
O Ministério da Saúde informou que, entre 2010 e 2012, houve um crescimento de 34% no número de cirurgias bariátricas, e que, para acelerar o andamento da fila, aumentou os valores pagos aos hospitais que realizam o procedimento pelo SUS. O ministério orienta que a operação seja o último recurso para a perda de peso.




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