"Você tem fome de que?
A gente não quer só comer,
a gente quer prazer para aliviar a dor (...)
(...) Você tem fome de que?" Titãs
Cada vez mais percebemos a comida como saciador de algo, que definitivamente não é de fome.Temos necessidade de comer para aplacar sensações de desconforto, seja ela de que origem for.Saudades, solidão, cansaço, raiva, angústia, tristeza. Posso citar várias, dos inúmeros relatos que ouço diariamente de meus pacientes.
Mas fica a questão: O que faço com isso? Como identificar esses comportamentos que me agridem? Sim, pois ao comer sem ter fome, e sim por necessidade de aplacar sentimentos desagradáveis, comemos sem pensar. Nem percebemos a quantidade da comida ingerida, que na maioria das vezes são de alimentos calóricos e pobres em vitaminas.A situação é séria, pois podemos comer até não agüentarmos mais.
Empanturramos-nos de comida, até que na sensação de desconforto desapareça (inútil, pois não se resolveu nada), mas a sensação é de satisfação, mesmo que momentânea. Começam a ocorrer verdadeiras orgias alimentares, ataques noturnos a geladeira, e muitas vezes seguidos de vômitos forçados.Agora é a vez da sensação de culpa aparecer, mostrar a cara, e desmascarar o que quer tanto tapar, para assim não enxergar.
Podemos sim, reconhecer os mecanismos que disparam nosso desejo de comer compulsivamente, e passar a assumir o controle sobre o desejo, podendo descobrir outras maneiras de superar essas emoções, sem utilizar a comida como compensador.A gente tem fome sim, de afeto, carinho, beijos, colo, amizade, calor, satisfação, companhia, prazer, sim, temos necessidade de coisas ou situações que nos dá segurança, conforto, auto-estima.É importante desenvolver a percepção de nossos comportamentos. Parar para pensar no porque de certas atitudes, do porque precisamos nos sentir tão plenamente preenchidas pela comida.Que buraco é esse que não estou conseguindo tapar, olhar, cuidar, resolver...Comida é para nutrir, não para engordar.
Silvia Luciana Kotaka - Psicóloga Clínica
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